
Intervenções Urbanas
por Rizza
2025
Com as obras Auri, Fulgor e Fluxo Áureo, Rizza transforma a paisagem urbana em um espaço de brilho, tensão e encantamento. Por meio de intervenções douradas que cobrem uma empena na Praça das Artes, uma banca de jornal na Avenida Paulista e um corredor da estação Consolação do Metrô, respectivamente, a artista propõe um gesto delicado, porém radical: adornar a cidade para quem nela vive e sobrevive.
Utilizando materiais espelhados e superfícies cintilantes nesses locais de passagem, Rizza reveste estruturas arquitetônicas cotidianas com uma pele de luz. O brilho, aqui, não é metáfora: é fenômeno óptico e simbólico que atravessa espécies. Tanto humanos quanto animais são atraídos pelo reluzente — um dado instintivo que a artista reativa como poética urbana. Nesse sentido, as obras não apenas ocupam a cidade, mas a reencantam, convocando olhares para lugares esquecidos ou desgastados, frequentemente nem percebidos por nós durante travessias cotidianas.
No túnel de interligação da estação Consolação, as superfícies espelhadas captam o movimento dos corpos e a luz artificial do subterrâneo. A arte interfere na lógica da mobilidade, provocando, pelo espanto, uma suspensão de nosso automatismo diário. A paisagem cinza do metrô se transforma em um dispositivo de reverberação — estética, política e sensorial.
Já na Avenida Paulista, a banca de jornal — um elemento urbano frequentemente invisibilizado — ganha destaque com o revestimento dourado vibrante e texturizado. A cor atualiza o brilho como símbolo de desejo, consumo e memória. É um gesto de valorização do banal, que revela como o luxo pode ser uma questão de presença e intenção, não de valor monetário.
Por fim, a empena da Praça das Artes, coberta por essa malha de metal refletiva, amplia a escala do trabalho e aciona um diálogo com a arquitetura brutalista do centro de São Paulo. A verticalidade do prédio contrasta com a fluidez da luz, num jogo entre massa e superfície, entre opacidade e cintilância.
Rizza nos convida a pensar o que reluz na cidade e por quê. Em tempos em que a estética urbana é frequentemente regida por lógicas de publicidade, controle e funcionalidade, suas intervenções propõem um outro regime de visibilidade: o da arte como ornamento crítico, capaz não apenas de adornar, mas de interromper o fluxo da vida, fazendo-nos refletir.
Ficha Técnica
Rizza
Artista
Ana Avelar
Curadoria
Stefania Dzwigalska
Direção Geral
Mariane Goldberg
Produção Executiva
Letícia Ranzani
Assistência de Produção
Sergio Santos
Agnes Rosa
Denise Marques
Produção de Montagem
Marcela Schwab
Assistência artística
Quilombo Cenografia
Construção de obra de Arte
Pablo Ladeira
Comunicação
Maihara Marjorie
Direção de Imagem
Murilo Yamanaka
Wod films
Fotografia
A4 Holofote
Assessoria de Imprensa
Fundação Theatro Municipal
Agradecimento
UOL
Parceiro de Mídia
Vivara
Patrocínio Institucional
Tête-à-Tête
Idealização